Amor de Mãe!
Hoje em conversa casual com a minha mãe sobre os diversos programas que tivemos no fim-de-semana, saiu-lhe uma afirmação em jeito de pergunta e num tom tão meigo que me derreteu...
"Ontem não escreveste?... fiquei à espera".
Amor de mãe, amor de pai é mesmo assim. Escreva eu o que escrever, vão sempre gostar, e mesmo que mais ninguém me leia, eles estarão sempre por cá.
Difícil de entender este amor incondicional até ao dia em que nascem os nossos filhos e percebemos que é mesmo assim... Amor à séria daquele que é para sempre.
Quando engravidei do J. tinha 27 anos, estava casada há um ano e a felicidade invadiu-me por completo. Foi uma gravidez altamente planeada, muito desejada!! Eu queria muito ser MÃE, e se fosse de um rapaz melhor ainda.
Com 12 semanas confirmou-se o que eu tanto desejava!!... Vinha lá um J.!
O nome J., esteve a marinar uma geração :)! Eu não fui rapaz e não houve mais rapazes na família... somos todas miúdas na família M e portanto só os nossos filhos poderiam perpetuar o nome J. que por cá anda há umas gerações.
Foi uma gravidez difícil, não por mim ou pelo bebé, mas por uma questão de saúde do meu pai que o levou a uma operação de urgência ao coração e que nos deixou a todos muito apreensivos naquele período. Foram meses de aflição e de muitos nervos.
Tudo correu bem e chegado o Verão que tanto adoro, nasceu o "Benjamim" da família.
O meu parto normal foi "Santo". Epidural, dilatação sem dor, li revistas durante esse processo e quando foi para nascer, 10 minutos, 3 vezes de força sobrenatural e o J. veio ao mundo.
Ao contrário do que algumas amigas me diziam, não foi amor à primeira vista. Não me apaixonei imediatamente pelo J. Quando o recebi nos braços e já de olhos abertos ansioso para conhecer o mundo, percebi que a minha vida nunca mais seria a mesma, e que aquele amor que os meus pais sempre me deram, eu iria replicar naquele "Ser" minúsculo cheio de cabelo (quando eu sempre achei que teria um filho careca!!).
Umas horas bastaram para esse amor desabrochar e nos tornarmos inseparáveis.
O J. era um bebé maduro, praticamente de termo, mas muito agitado, talvez fruto de uma gravidez cheia de percalços, e assim se mantém até hoje. É um miúdo cheio de vida, esperto que só visto e um doce.
Tudo isto para exprimir o quê?! Que durante anos me questionei se o amor que sentiria se tivesse outro filho seria igual.
Achava difícil confesso... tinha para mim que era impossível amar outro filho como amava o J. e achava mesmo que seria "menos" mãe se tivesse outro.
Quando engravidei do D. foi o cabo dos trabalhos nos primeiros tempos... pensava, pensava e repensava nesta hipótese de não conseguir dar ao bebé que aí vinha, o amor louco que dava ao J.!
Gravidez calma. Tranquila.
Chegou o Santo António e com ele o baby D.!
Parto horroroso, 7 horas com contracções sem epidural, sem dilatação, sem revistas e sem pinga de sangue com tantas dores que tinha... tudo a correr menos bem lá partimos para uma Cesariana esperando que o Sto António ajudasse.
Não ajudou muito... o D. nasce e sinto uma grande agitação à minha volta, chamam o N., e eu só chamo pelo meu obstetra. Subitamente aparece a Drª C.O (obstetra da B.! A amiga das Crónicas de uma Grávida Acamada, lembram-se?!) que me acalma dizendo que o bebé está bem, mas que tem que ir à incubadora uns minutos... os minutos revelaram-se horas a fio e eu apaixonei-me pelo D. ainda antes de o ter visto.
O D. nasceu com quase 38 semanas e com líquido nos pulmões. Entrou em hipotermia e esteve longas horas longe de mim, sempre acompanhado pelo pai.
Quando o recebi nos braços percebi que o amor era exatamente igual! Não se ama mais um filho que o outro. o Amor de Mãe é assim mesmo. Cabem no coração os filhos que Deus nos quiser dar.
Muitos me dizem que sou diferente com o D., dizem que sou mais agarrada ao D. do que alguma vez fui ao J.!
Não discordo totalmente, apenas posso dizer que o D. era um bebé muito frágil, muito mais "bebé" e também chegou numa fase diferente da minha vida. Uma fase mais madura, mais consciente.
Com o J. sentia uma necessidade urgente que crescesse, com o D. queria que o tempo parasse para aproveitar cada segundo dele.
Hoje sou muito mais "crescida", tenho muito mais certezas.
Não tenho intenção de ter mais filhos, mas se porventura isso acontecer (e quem sabe vir a tão desejada Maria!), sei que posso ficar serena...O amor pelos filhos não se divide, multiplica-se.
Há por aí alguém que partilhe do mesmo sentimento?
1 bj
M.
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