"Casava-me já contigo"


Já disse aqui que sou fã do Miguel Esteves Cardoso e que acompanho diariamente as suas crónicas no Jornal "Público".
Hoje deparei-me com isto... é tão simples que me chega a enervar!
Mas porque raio complicamos tanto a nossa vida e por vezes a dos outros?
Não há casamentos perfeitos, não há amores perfeitos, não há paixões perfeitas, mas há vidas - quase - perfeitas e a dele e da Maria João (o grande amor da sua vida) é de facto incrível. Este homem venera aquela mulher e aquela mulher tem a sorte de ter um homem assim na sua vida. Tudo na vida dele tem um nome!Maria João. As suas últimas obras são dedicadas a ela e escreve-lhe de uma forma tão doce, que chega a emocionar.
São felizes. São efectivamente felizes.
Recordo-me de um excerto do seu último que devorei nas férias em que ele descrevia um mergulho que dera com a Maria João na praia da Adraga. É maravilhosa a forma como ele a descreve. Cada dia mais velha e cada ruga mais bonita.
É tão bonito de se ver um amor assim... e é tão raro existir um amor assim...



"Casámos no último dia de Setembro no primeiro Setembro deste século. Estávamos apaixonados, surpreendidos e felizes. Catorze anos depois ainda não acredito na minha sorte.

Quando eu era pequenino e vi um cartaz do filme The Seven Year Itch, de Billy Wilder e de 1955, perguntei à minha mãe o que era. Ela respondeu: "Ao fim de sete anos a novidade do casamento começa a passar".
Ao fim de 14 anos, cada vez que eu olho para a minha mulher, cada dia que acordo ao lado dela, o que mais me comove e impressiona é precisamente a novidade de vê-la, poder amá-la, ter a sorte de ser amado por ela.
Cada coisa que fazemos é ao mesmo tempo antiquíssima – como uma cerimónia que construímos juntos só para nós os dois – e novíssima, pelo desejo e pelo entusiasmo de lá estar, naquele lugar que ela abriu para mim e ela no lugar que só é dela, que sou eu.
O casamento é só uma palavra: é verdade. Mas também pode ser a vontade de casarmos e ficarmos casados, todos os dias, com a mesma pessoa que amamos.
Cada vez nos casamos mais. As diferenças dela vão cabendo cada vez melhor nas minhas. Cada vez somos, a Maria João e eu, mais livres de sermos como somos, cada um de nós, e de sermos como somos, nós os dois.
Ela torna-se mais ela; eu torno-me mais eu, ela e eu com menos medo que o outro fuja por causa disso. Mas com medo à mesma. E ganância de viver e curiosidade em saber como é que o décimo quinto ano vai ser melhor do que este.
Mas vai ser."

Será, certamente.©

Um beijo
M.

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