Ternura de irmãos
Ontem à hora de jantar o D. resolveu fazer uma birra
daquelas poderosas de se atirar para o chão, limpá-lo literalmente, e bater com
os pés. Daquelas birras que antes de ser mãe dizia com toda a firmeza que "jamais
filho meu faria". Mas faz, e faz birras valentes de pôr os (poucos) cabelos em
pé ao Sto António a metros de nós na praça de Alvalade.
Eu: J. ainda não terminámos e falta a fruta...
J: tenho q ir mãe!...Tenho uma tarefa..."
O D. parou imediatamente de chorar e ali ficaram os dois, vidrados um no outro, embrenhados numa cumplicidade e num amor sem fim que nos deixou, a mim e ao N. sem reacção. Apenas olhámos um para o outro e ficámos a apreciar.
Em seguida o J. agarrou-o dizendo:"não chores... Anda comigo. O mano está aqui e vou sempre proteger-te. Ouviste Minorca?"
Sou muitas vezes injusta com o J.! Ele foi o primeiro, ele foi o meu primeiro amor...
Desde q o D. nasceu, tudo para o J. passou para segundo plano...
Primeiro a muda da fralda, primeira a sopa do Micas, primeiro vestir o Micas, calçar o Micas, o banho do Micas, a entrada no carro depois de sentar o Micas...
O J. tem 6 anos e encaixa isto de uma forma natural, e eu faço isto de forma totalmente insconciente e sem intenção, mas não devia ser assim.
Sou mãe de dois, amo os dois incondicionalmente e da mesma forma, mas o J. foi o primeiro e não é justo ter sempre que esperar...
Um beijo ©
M
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