Era uma vez...




















Um grupo de amigos que se formou nos anos 90.

Eu, a AM a M e a X somos amigos de infância. Somos as quatro ribatejanas de alma e coração.
Quando viemos estudar para Lisboa, elas para Direito e eu para Sociologia, encontrámos novos e bons amigos e rapidamente nos tornámos inseparáveis.
Há 13 ou 14 anos começámos com uma brincadeira que se tornou séria em pouco tempo.
Começaram os jantares do grupo.
Estes jantares consistiam em jantares mensais que rodavam entre todos onde quem dava a casa oferecia o jantar. As entradas, sobremesa e bebidas eram dividas por todos os elementos.
Começámos por ser 8 e a pouco e pouco foram chegando os "apêndices".
Desde então somos 13 (sendo que o tio solteirão do grupo vai tendo e deixando de ter companhia e quando assim é, passamos a 14).
Os jantares solteiros e sem filhos eram sempre animados e bem regados.
Riamos (muito), conversávamos (mais), saiamos à noite ou ficávamos simplesmente por casa na palhaçada.
Faziamos trinta por uma linha. Tropelias e tudo a que tinhamos direito que 20 e poucos anos.
Uma vez por ano, (no Natal normalmente) a T. fazia um DVD com o registo fotográfico do ano.
Temos até aos dias de hoje, anos e anos de registos fotográficos e vídeos.

Em 2004 nasceu o primeiro bebé do grupo. O primogénito, o magnífico, o bonito, o mais que tudo dos seus pais e dos tios babados... o Manel!
O Manel passou a ser presença assídua nos jantares, o Benjamim dos tios, o querido bebé a quem todos davam colo.
Depois vieram os casamentos e dos casamentos mais e mais sobrinhada.
Hoje são 12 miúdos e quando estamos juntos já somos uma família cigana de 25!
Deixámos de conseguir fazer os jantares do grupo em casa, passámos a fazer Almoço de Natal em vez de jantar, para não irmos à falência com tanta criançada, lançámos o amigo secreto entre miúdos e graúdos, e optámos por fazer 1 ou 2 jantares fora (sem filhos) por ano.
Passámos a estar juntos tantas vezes como antigamente, mas agora nos aniversários dos nossos filhos.
Eles são tantos, que dá quase uma festa por mês!...

Este fim-de-semana foi especial.
Sábado juntámo-nos com alguns elementos do grupo (a quem lancei o Desafio da responsabilidade social) para fazermos uma surpresa que iremos entregar à Casa das Cores.
Fizemos uma Quinta em madeira, com animais, relva, palha, um estábulo, uma casa para o tractor e para os materiais do agricultor.
Quisemos com esta acção envolver miúdos (os mais crescidos acima dos 6 anos) e graúdos em torno de um presente que todos ajudaram a construir.
A "Quinta das Cores" como lhe chamámos, ficou linda e tenho a certeza que os meninos e meninas da Casa das Cores vão adorar brincar com ela.

Depois da construção, veio a destruição :)!
A minha amiga M., a anfitriã, resolveu presentear-nos com um jantar confortável, um momento de relax, com velas e música ambiente, umas boas entradas e um bom vinho... tudo boas intenções, mas esqueceu-se que no meio de nós, gritavam animadamente 9 crianças, todas com bons pulmões, cúmplices que só visto (não fossem eles amigos do berço) e que estavam ao rubro com a excitação de estarem todos juntos.
Eles dançaram, eles cantaram, eles gritaram, eles fizeram tudo o que estava ao seu alcance para nos boicotar o jantar.
Tentámos conversar, tentámos falar do assunto do momento, tentámos isto, tentámos aquilo, tentámos, mas fomos sendo interrompidos por um: "mãe, quero fazer chichi", "pai, tenho fome", "mãe, o Micas está a mexer na aparelhagem", ou um "N. o D. está a mexer na serviço de chá da M!!!!!"... entre outros.

Estes momentos são deliciosos, arrancam-nos gargalhadas quando estamos aos berros para o outro lado da mesa apenas para pedir a salada, mas serão destes berros e destes momentos que teremos saudades quando daqui a uns anos (e não serão muitos desenganem-se) estivermos sozinhos, com todo o silêncio do mundo, com música ambiente (e não com a Xana Toc Toc), com tempo para conversar animadamente sobre o assunto que estiver na berra, e desejarmos que o tempo volte para trás, com saudades da berraria e saudades e de os ter ali, debaixo da asa.

Os nossos pais passaram por isto.
Estamos a envelhecer e a história repete-se.
Estou certa que os nossos filhos passarão pelo mesmo.
Isto é a vida.

Um beijo
M








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