Ontem, na praia...

Ontem fomos cedo para a praia.
Aproveitámos que o Duarte acordou às 7h30 e lá fomos por o pé na areia como gostamos antes de rumarmos a Santarém para mais uma festa de aniversário!

Estava na toalha quando ouvi o apito do nadador salvador e um: "atenção a todos".
A informação de duas crianças desaparecidas. 9 e 10 anos, um loiro baixinho e outro moreno de calções laranja.

Fiquei imediatamente mal disposta. Fiquei inquieta. Levantei-me.
Levantei-me eu e mais meia dúzia de pessoas que se dirigiram ao Nadador Salvador a perguntar como poderiam ajudar.

Fiquei incrédula com a passividade das centenas de pessoas naquela praia que continuaram a apanhar os seus banhos de sol ou na conversa com o amigo do lado, ou a mexer no telemóvel, enquanto um pai andava desesperado de um lado ao outro da praia à procura dos filhos desaparecidos há duas horas.

Não queria acreditar no que estava a ver! 
Podia ser eu, podiam ser os meus filhos desaparecidos... e poucos foram os que se mexeram!
Tento sempre por-me no papel do outro, mas de facto, a velha máxima do "só acontece aos outros" assenta que nem uma luva neste tipo de situações.

Consigo imaginar uma pontinha do desespero daquele pai porque o João já desapareceu na praia e sei bem o aperto que senti no peito e o vazio terrível que me invadiu.

O pai deu-lhes dinheiro para irem comprar um gelado e eles não voltaram.
Todo o cuidado é pouco pais! Não podemos vacilar um segundo.

Saímos da praia e continuavam desaparecidos.
Podiam estar num sitio qualquer animados na brincadeira e não deram conta do tempo passar, podiam andar à beira mar mais longe só pela adrenalina de estarem sozinhos, podiam estar noutro sitio qualquer... 

Espero sinceramente que tenham aparecido, tenham levado um valente raspanete e em seguida um abraço do tamanho do mundo daquele Pai.

Um beijo
M.





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