Serei só eu?
Os
meus filhos são praticamente sempre os últimos a sair da escola que encerra às
19h00.
Tenho um horário (dito) normal, teoricamente das 9h00 às 18h00,
mas nunca em consigo chegar antes das 18h50 à escola do
João.
Todos os dias vivo o stress do trânsito, olho mil vezes para o
relógio no trajecto e na esperança que nenhum imprevisto me surja nos 5 minutos
que me restam entre a escola do João e a escola do Duarte.
Isto acontece-me sempre que os vou buscar à escola. O que é facto, é que
quase todas as pessoas com filhos que conheço dizem passar pelo
mesmo.
Ora então se passamos todos pelo mesmo, porque raio às 18h50 só está o
João e mais dois ou três miúdos na escola? Porque raio o Duarte está quase
sempre à porta, sozinho, à espera da malfadada mãe que teima em chegar à hora
certa?
Porque será que apenas uma pequeníssima fatia dos alunos da escola
pagam uma fortuna em prolongamento até às 19h00?
Quando estou de férias e vou buscar os miúdos mais cedo (às 17h00
depois dos lanches), há duas e três filas de carros à porta da escola com os
pais que vi de manhã por volta das 9h00!Não entendo... confesso.
A semana passada levei um raspanete do João quando cheguei à
escola.
Sabem porquê? Porque era, literalmente, o último.
Engoli em seco...
A escola tem... não sei... à vontade mais de 1000
alunos.
O João reclamou comigo, barafustou, chorou e disse-me que ser o último é horrível, que todos os meninos (todos mãe!!) já tinham saído e ele continuava
ali sentado... à espera.
Isto é um desconsolo! Eu adoro a minha profissão, gosto muito do que faço e vivo com uma intensidade que me ultrapassa a razão, mas ouvir as palavras magoadas do João, deu-me (muito) que pensar.
Dormi mal nessa noite. Tenho dormido mal desde então. Vê-lo desolado porque foi o último é
uma sensação de impotência que me trespassa o coração e me faz pensar se a vida
louca que levo valerá a pena.
"porquê mãe? Porque é que tens que sair mais tarde do
escritório que os pais dos meus amigos?"
Fico sem ar...
" e o Micas mãe? É quase sempre o último... como eu e a A. (a
amiga A. e a irmã C. que partilham esta luta com ele!)."
Engulo em seco e conduzo até à escola do Duarte com o peso da responsabilidade no meu atraso e com o (pouco) consolo de mãe que
no alto dos seus 2 anos nos receberá (ainda) com um sorriso e um abraço
excitado.
Juro que não entendo como os outros pais conseguem e eu não.
Serei só eu?!
Um beijo
M.
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