Pai

Hoje é dia do Pai.
Não fomos sempre confidentes nem nunca precisámos de grandes conversas. Sempre nos entendemos com o olhar, com a palavra certa na altura certa, com a cumplicidade que cedo aprendemos a criar. 
Saio ao meu pai na espontaneidade, no sorriso fácil, na proximidade com os outros, nas relações que construímos. 
O meu pai é um conversador nato, enche o peito de ar para a vida que lhe quis pregar uma partida (das grandes ) há uns anos. 
O meu pai é um comercial de mão cheia. Sempre disposto a umas guitarradas. É  apaixonado por fotografia. Adora petiscos e um bom vinho.
Aprendi cedo com o meu pai a nunca perder o Norte. A ver as horas pelo sol. A viajar, porque viajar torna-nos mais ricos.  
Quando escolhi o vestido de noiva não foi preciso falarmos! Bastou olhar pelo espelho para sentir o seu consentimento naquele que era, sem dúvida, o meu vestido. 
Tenho sempre no meu pai a segurança de um conselho isento e sensato. 
Tenho um pai presente, tenho um pai que é um avô maravilhoso. 
Pelos olhos dos meus filhos vejo a dedicação, a entrega, a presença que não teve em mim fruto do tempo que, infelizmente, os pais no tempo deles de ser pais, não tinham. 
Os avós tendem a ser mais para os netos do que foram para os filhos. A idade e a disponibilidade ajudam a ser e a dar mais, sem a castração da ampulheta. Não há tempo a perder. Dá –se mais e de forma diferente. Faz parte.
Hoje é dia do Pai. Do meu Pai.
Obrigada, Pai! Por me amparar as quedas sem nunca me deixar cair. Pela confiança em mim, pelo apoio incondicional em todas as decisões da minha vida (mesmo quando decidi casar 3 meses depois de começar a namorar), pela "aquela" conversa de um minuto desde a entrada na igreja até ao altar ao som de “In manus tuas, Pater” do coro de Taizê, pelo beijo sentido quando os meus filhos nasceram, pelas histórias que lhes contas, pelas alfaces que o João aprendeu a plantar e a ver crescer (e a perceber que as alfaces não nascem no supermercado!), pelo interesse do João pelas aves que faz dele aos 8 anos um Ornitólogo em construção, pelos acordes que o Duarte aprende a tocar (e a desafinar!) na viola.

Um beijo meu querido Pai! 
Hoje e sempre,
A tua
Rita

Foto antiga: O meu pai com 31 anos
Eu com 8 anos

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