Não sei, mas desconfio...
... que
deixamos
de ter nome próprio e que passamos a a ser "a mãe e o pai" para tudo... na escola,
na natação, no rugby, nas consultas.
... que os nossos maridos deixam
de ser o amorzinho, ou o fofuxo, ou o quiduxo ou o xuxu e passam a ser
simplesmente o nosso outro "pai." Passamos nos também a chamá-los assim e nem damos conta
da "figura" que fazemos.
... que deixamos de ir ao cinema. Passamos a ver
filmes sacados da net, aos bocados, um bocado ele um bocado eu porque
adormecemos pelo meio e o mesmo filme é visto e revisto durante semanas
até que quando chegamos ao fim, já não nos lembramos como começou.
... que jantar fora, é uma miragem.
Ou os deixamos com a babysitter e vamos
com hora de saída e hora de chegada (curta), ou os deixamos com os avós e ai
ficamos com mais tempo para falar... deles.
... que passamos a namorar às
escondidas. Deixamos o ímpeto do amor selvagem a qualquer hora e lugar lá
no passado, e damos lugar ao (quase) dia e a hora marcado em modo aceleração
não vá um acordar para fazer chichi ou o outro acordar porque simplesmente
acorda sempre que não deve.
... que andar de saltos altos é uma
odisseia.
Eu contínuo a contribuir para esta
odisseia de usar saltos com duas criancas, mochilas, portátil, uma coluna feita
num oito, escolas e horários a cumprir, mas estou certa que irei aderir a
moda de trocar de sapatos a porta do escritório porque isto de ser super
modernaça, gira e de salto agulha era porreiro, mas com 25 anos.
... que praia não é sinónimo de
descanso.
Passamos o dia sentados ou de rabo para
o ar, ficamos com o pescoco branco e sempre um dos lados mais bronzeado
que o outro. Há-de ser seguramente o vosso lado que dá mais
jeito para dar a sopa, o iogurte, a sandes, o sumo, a água, o ovo, as uvas, o
melão... Ufa.... Mudar a fralda, mudar os calções, mudar a T-shirt... fazer
castelos...
O meu lado bronzeado é o direito. E o vosso?
O meu lado bronzeado é o direito. E o vosso?
... que ler uma revista do príncipio ao fim é lembrança de um passado longínquo.
Passamos a ler "as gordas" e
ficamos contentes assim!
... que ter uma refeicão de guardanapo no colo e sem interrupções
é coisa para deitar um foguete (ou dois).
... que dormir é coisa rara.
No meu caso, talvez durma daqui a 30
anos.
Agora não durmo porque são pequenos e
acordam inúneras vezes, depois não dormirei porque serão adolescentes, andarão
na noite e dormirão, sabe Deus onde.
... que a casa está sempre em modo caos.
Há sempre carrinhos, migalhas, puzzles,
bocados de bolacha, bonecos, pão (entre outras coisas mais que não vou
referir aos mais sensíveis) espalhadas por todo o lado!
... que todas as mães já assoaram os
filhos às mangas da camisa.
... que já perderam a conta às nódoas
que levam pregadas na camisa branca logo pela fresca e só se
apercebem horas depois quando vão à casa-de-banho. Pelo meio já tiveram reunião
com o chefe e já falaram com 20 pessoas.
... que há pais que quando saem de casa, já precisavam de outro banho.
... que ao se maquilharem de manhã já deixaram um olho por pintar e outro hiper mega giro e assim foram megas confiantes para a rua.
... que já trocaram a cor dos collants que deviam ser pretos e afinal eram azuis e que só deram conta mesmo à porta daquela reunião super importante.
... que todas as mães já sentiram que têm dupla personalidade e que quando estão de férias se sentem culpadas por deixar os filhos na escola.
... que todas as mães quando estão de férias vão super empolgadas buscar os filhos mais cedo e se arrependem 15 minutos depois.
... que somos todas feitas pela mesma forma.
... que não somos ET´s (embora por vezes possamos parecer).
... que não somos super mulheres ou super homens (mas somo-los aos olhos dos nossos filhos!)
... que todos partilham do mesmo sentimento que eu e que depois dos filhos nasceram passamos a ter capacidades que até então desconhecíamos. Parece que passamos a ter tentáculos e os nossos braços e as nossas mãos vão a todo o lado.
... que conseguimos fazer mil e uma
tarefas ao mesmo tempo e - quase - todas bem.
... que o nosso mundo passa a girar de forma diferente (ao contrário, diria eu).
... que fazemos amizade com os pais dos amigos da escola, vamos juntos às festas deles, vivemos os gostos deles, gostamos das idas ao Zoo, vivemos as doenças que subitamente nos estragam os planos "daquele" fim-de-semana, mas passamos a ser muito mais ricos, muito mais felizes.
Não sei, mas desconfio que se não fossem os meus filhos, eu não estaria aqui a
escrever estas coisas e vocês nao estariam desse lado a acenar com a
cabeça em jeito de: "... é verdade, afinal não sou a(o) única(o) e
não, não sou bipolar!".
Um beijo
M.
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