A Quarentena e o regresso - o pior ainda está para vir!



À medida que as semanas foram passando fomos, gradualmente, habituando o corpo ao confinamento, ao Teletrabalho, à Teleescola, à ausência dos nossos, à distância dos abraços de quem mais gostamos, aos mil grupos criados para um contacto forçado, ao sentimento de objectivo social em direcção a uma “normalidade” que nunca mais será igual... mas a alma, essa, ficou presa lá atrás.
Assusta-me que aí vem… o pior ainda está para vir. Não o pior da Pandemia, mas o pior dos danos colaterais que estes meses deixaram em todos nós.
Ninguém me diga que vamos sair melhores disto... óbvio que não vamos!
Ninguém vai acordar um dia e ouvir nas notícias: 
“É hoje! Acabou! Podem voltar à vossa vida”.
Isto não tem dia e hora e marcada e é este sentimento que me assusta…
O que será aceitável para mim, poderá não ser para o outro e teremos que respeitar o espaço vital de cada, mais do que nunca.
Vêm tempos de quebra de afectos. Vamos viver de abraços contidos, num afastamento medido a fita métrica, vamos andar vestidos de máscaras em pendant camufladas numa segurança aparente, os cumprimentos firmar-se-ão à distância de um olhar; e arrisco a dizer que nos faltará colo para tanto pensamento premeditado.
Os assépticos tomarão conta da nossa vida para que possamos (sobre)viver.
 São as contingências de sermos um bocadinho mais livres em Estado de calamidade mas são estas contingências que nos limitarão a acção de sermos nós próprios.
 O Verão será vivido de forma intermitente. A praia e os banhos de mar serão controlados. O tempo passará a ter outro sabor.
Nada mais será como antes... 
Impuseram-nos o medo e a reclusão sem data de fim e agora querem dar-nos as cores do verão de repente.
Vamos viver um mundo mascarado, com um inimigo invisível à espreita, numa aparente acalmia que é conforto e bálsamo para a alma, mas perigosa para a carne sedenta de vida, sol, de braço dado e abraços genuínos.

A vida são dois dias... mas vamos com calma para não voltarmos todos para casa antes de dourar a pele ao sol, abraçar os nossos, voltar à rotina! 

Um beijo
Cuidem-se!

Rita 
  



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