Segundo filho. E agora?




Hoje dei por mim a observar os meus filhos enquanto brincavam.
São brincadeiras de irmãos, são brincadeiras de amor, que ora se abraçam como se fossem um só, ora se batem com o primeiro brinquedo que vem à mão.
Enquanto isso, vieram-me à cabeça todos os medos e receios que tive quando descobri que vinha lá o 2º filho... e temível 2º filho... aquele que achava que nunca iria amar com ao primeiro, que era impossível sentir por outro ser humano o que sentia pelo primeiro.

A chegada do 2º filho dissipou por completo os medos logo no primeiro minuto.
Se eu já era uma mãe descontraída com o João, com o Duarte passei a sê-lo ainda mais.
Somos muito mais impacientes com o primeiro filho. 
Sabemos que a chegada de um irmão abala a sua confiança pois julgam que o irmão ou irmã lhes tirará o protagonismo (e não deixam de ter alguma razão...).

Quando o Duarte nasceu o João tinha 4 anos (quase 5) e foi uma relação difícil nas primeiras semanas.
Muitos disparates e chamadas de atenção, gritava, barafustava, muito mimo e tudo o pai... a mãe, como que estivesse de castigo, não interessava para nada. Olhava-me triste (e aquilo dava-me uma dor imensa), provocava-me de soslaio, não queria saber de mim.
Custou-me muito aqueles dias em que o meu filho, o meu filho querido, estava em claro sofrimento pelo aparecimento do irmão, mas o meu coração de mãe sabia que bastava dar tempo ao tempo e deixar fluir.
E fluiu para um amor imenso entre os dois.

Quando nasce uma criança nasce uma mãe, um pai, uma família. Quando vem o 2º filho, passamos a relevar muito mais, a aproveitar o tempo, a ser mais pacientes, a ter menos medos e a saborear o bebé de uma forma muito mais intensa, sem pressa que cresça.

Quando nasce o 2º filho, deixamos de ir a correr ligar ao Pediatra porque cai e bate (ligeiramente) com a cabeça ou porque teve febre duas vezes (mas dizemos sempre que foi mais uma ou duas vezes).

Quando a chucha cai ao chão não vamos a correr esterilizar, passamos por água (da torneira) e está bom.

Esterelizar biberons? essas "mariquices" ficam esquecidas a partir do 5 mês e passamos a pôr os biberons na máquina de lavar loiça.

Ao 1º filho compramos tudo a condizer. 
No caso: a escova de dentes, o copo da escova, a escova do cabelo, o pente...
O 2º filho tem uma a escova de dentes igual à do irmão mas cor-de-rosa para se diferenciar (e pelo que sei os dentes ainda não lhe caíram por causa  disso).

No primeiro filho usamos todos os cremes xpto: creme para o rabo, creme para a cara, creme para o sobrollho, creme para o pé direito, creme para a mão esquerda.
No segundo filho desde que seja creme hidratante e desde que minimamente reconhecido, está do melhor.

O primeiro filho usa fraldas de marca conhecida.
O segundo filho usa fraldas de marca branca (salvo raras excepções em que há promoções) desde os 3 meses.

O primeiro filho é, e será sempre o primeiro.
É com ele que aprendemos a ser Mãe. É com ele que partilhamos os medos, as angústias, as primeiras vezes de tudo.

A chegado do 2º filho é um turbilhão de emoções. 
Se por um lado, nós mães, estamos cheias de hormonas e com uma ansiedade terrível de querer estar de igual para os dois, os primeiros filhos criam em nós uma sensação de penitência obrigatória por não estarmos a 100% com ele.

Tudo isto passa. Tudo se releva e o primeiro esquece rápido porque o amor fala mais alto. Porque o amor de irmãos é incondicional.
 E hoje aqueles momentos ficaram lá atrás, apenas na memória.

Não se ama um filho mais que ao outro.
Todos têm um lugar especial no coração e, (não me canso de dizer) cabem cá os filhos que Deus me quiser dar.

Um beijo
M.







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