"As pessoas que quem gostamos não deviam falecer, mãe" - João, 7 anos
O João regressou a semana passada passada de umas mini férias em Santarém antes do arranque da escola.
O João adora estar em Santarém e eu confesso que gosto desta relação, deste amor, destes laços criados com a casa dos avós, com os cheiros da terra que também será sempre minha.
Estar com os avós é uma benção e infelizmente nem todos têm esse privilégio.
Foi quando chegámos a casa que o João me disse que gostava que o avô fosse imortal!! Que sabia que isso não ia acontecer porque as pessoas morrem e o avô tem 60 anos e não sendo idoso ainda, vai lá chegar e vai morrer.
"As pessoas que gostamos não deviam falecer, mãe" - disse ele.
Confesso que sorri naquele momento, mas fiquei a pensar.
É nesta idade que se começa a ter consciência da morte. É nesta idade que começam os verdadeiros medos.
O João diz que o avô lhe ensina muitas coisas e que quer que o veja ir para a Universidade (imagine-se esta conversa!).
Esta relação é algo que me comove, não só por ser o meu filho e o meu pai (que partilham entre muitas outras coisas o mesmo nome), mas pela relação que avós e netos vão construindo ao longo do tempo.
Os meus filhos têm a sorte de ter os avós maternos e paternos presentes não suas vidas e cada um à sua maneira os ajudar a crescer e a moldar as suas personalidades.
Neste momento tenho saudades dos meus avós!!
Do meu avô João que tanta cumplicidade vivemos, que partiu cedo demais e tanta falta me fez e faz.
Do meu avô Fernando com que tive o privilégio de privar até aos 34 anos, que viu nascer dois bisnetos e que se tornou mais doce depois de os ter.
Da minha avó Guilhermina que apesar das nossas (muitas) diferenças, há coisas que estão no sangue e as parecenças que temos inequívocas, fazem-me lembrar muitas vezes dela.
Da minha avó Auzenda que não tive a sorte de conhecer, mas sei que está sempre por perto.
O João no alto dos seus 7 anos tem toda a razão.
"As pessoas de quem gostamos não deviam falecer".
Um beijo
M.
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