Vamos lá falar de coisas sérias

 Com tanta polémica, vamos lá falar de Cidadania Familiar, crises de parentalidade, modelos de educação e o tema que de facto quero abordar: a exposição das crianças.
 A propósito de um programa de televisão (que não vi); muito se tem falado nos últimos dias nos direitos das crianças, na exposição das mesmas, na forma como os direitos dos pais sobre os filhos estão desvirtuados e onde os pais são postos em causa por utilizarem o Direito sobre os filhos em situações que os podem pôr em momentos de desconforto e de dignidade exposta negativamente.
 Toda esta polémica nasce devido a um programa de televisão, mas a verdade é que todo este tema é uma discussão que mais me parece um espelho, um reflexo de muitas famílias portuguesas.
 Não estou com isto a dizer que concordo ou deixo de concordar com o programa de televisão (que reforço, não vi) simplesmente, percebo que isto apenas levantou a “ponta do véu”.
 Há crianças dificeis, crianças rebeldes, pais cansados, pais esgotados, contextos familiares complicados, desestruturados, famílias perfeitamente harmoniosas com crianças em contexto dito “normal” que precisam de apoio, modelos de educação com quem uns se identificam, modelos de educação que outros repelem, crianças que em casa são uma coisa, na escola são outra, na rua são outra e em casa dos avós e tios são outra completamente diferente.
 Creio que todos concordamos que há pais em sofrimento, pais em conflito com os filhos, filhos em conflito com os pais e nem todos têm possibilidades e conhecimento para procurar Academias de Parentalidade Positiva ou ler livros ou ir a workshops! 
 Ser mãe e pai é o maior desafio que a vida nos coloca e ser filho hoje em dia também não é fácil!
 Quando o meu filho de 4 anos decide fazer birras - como já falei aqui (será que vou ser chamada à Comissão de Protecção de Menores???) - onde me faz sentir frágil, desprovida de argumentos, frustrada na minha função, impotente, devastada, sem forças, pondo muitas vezes em causa as minhas capacidades, questionando-me se serei capaz, levando-me á bipolaridade total de num minuto me achar uma merda fraca, e noutro a Super M a achar que tudo se resolve.
 Tudo isto para dizer o quê?
 Que este tema resvalou para os blogues, facebooks, instagrams. Resvalou para a exposição que os bloggers fazem dos seus filhos e a forma como este assunto foi banalizado, metendo “tudo no mesmo saco”.
 Não concordo. Não posso concordar!
 Acho que quem tem redes sociais, blogues ou afins tem que ser consciente que os seus actos poderão ferir ou prejudicar e cabe a cada um a exposição contida (ou nula em alguns casos) dos seus filhos, familiares, amigos, etc.
 Falo por mim e já o disse aqui várias vezes...
 Não exponho - directamente - temas sensíveis dos meus filhos.
 Já falei em mil coisas aqui no blogue mas nunca achando que estava a prejudicar ou envergonhar os meus filhos, tendo sempre em mente o decoro da sua imagem.
 É ponto acente desde o primeiro dia, que só falarei deles e publicarei fotos deles, enquanto eles quiserem e deixarem. No dia em que me disserem que não querem, assim será preservada a sua identidade a partir desse dia.
 Muitos perguntarão porque é que publico fotos dos meus filhos. 
 Respondo que o blog é meu, que a responsabilidade integral, quer nos textos quer das fotos que nele são publicadas é minha, respondo que o pai dos meus filhos valida as fotos que partilho e que se um dia alguma coisa acontecer, terei que lidar com isso no momento. Sem dramas. Sem stress. Sem histerismos. 
 Até lá, continuarei contida na exposição como sempre fui, mas não deixarei de o fazer porque acho honestamente que temos que perceber até vai o limite da liberdade de cada um. Neste momento, parece-me apenas uma onda de excesso de pudor e moralismo (de alguns) num tema que já está mais do que batido.
Um beijo
M.
Fotografia | Isabel Saldanha Fotografia
LX Factory - Junho 2017

Share:

0 comentários